sexta-feira, 20 de setembro de 2013

La paix c´est quand tu te pardonnes a toi même...

Olha só o mundo em que vivemos. A época em que vivemos. As ditaduras que vivemos. Certo.
Pode parecer o início de mais um texto categórico sobre não se adaptar a determinados padrões que, entra ano, sai ano, insistem em nos perseguir.
Sim... Eu sou gordinha. Talvez não tanto visualmente, já que a minha estatura é acima da média e minha composição corporal, pelo menos, ajuda na distribuição das gordurinhas. Mas sim... De acordo com cálculos médicos, já me encontro com o IMC elevado... ou seja... Obesidade leve.
E tenho culpa disso. Em vários sentidos. De várias formas... Consciente e inconscientemente.
Estou exatamente 22 kg acima do meu peso ideal, ou seja, do peso considerado saudável. Muitas roupas já não cabem mais em mim e se amontoam no meu armário como metas que almejo, um dia, alcançar. Tá. Até aí tudo bem. Nóia normal de qualquer mulher.
Mas... Pensando bem... O que é que realmente importa? Infelizmente seguir padrões, de fato, trazem bem-estar. Não sejamos hipócritas ao ponto de falarmos “estou bem assim, comendo desse jeito, vestindo 52 (ainda não é o meu caso – risos), cansando ao subir escadas e assando o meio das pernas quando ando”. Não. Ninguém consegue ser feliz assim. E se pararmos para pensar, lá no fundo, no âmago da coisa, não se está feliz assim não pelo padrão não alcançado. Não se está feliz pelas limitações que isso traz.
Mas ao mesmo tempo, há prazeres além de uma calça tamanho 40 (ou 38) e fôlego para caminhar na praia. Comida, querendo ou não, é um prazer. É uma configuração social na qual nos inserimos desde que nos conhecemos por gente. Quem nunca abriu a lancheira na hora do recreio para trocar de lanche com o coleguinha? Ou se deliciou com bolo e refrigerante na casa da vovó? Comer também traz prazer... Ó, meu Deus, e agora?
Passei por muitas transformações nos últimos seis meses da minha vida. Físicas, mentais, espirituais... De todos os tipos. Tive momentos que, na hora, me pareceram solidão mas que depois entendi que eram momentos meus, para me escutar, para me observar, para me entender. E, claro, para me aceitar.
Sim, eu sou gordinha e tenho dificuldade para emagrecer. Sejamos objetivos... O que eu preciso fazer? Fechar a boca e fazer exercícios. Tá... Mas, até que ponto? Até onde posso ir sem que isso me tire os pequenos prazeres (não estou falando só da comida com esta colocação)? Sem perder o bom humor e o otimismo?
Depois de perdas e ganhos, em vários sentidos, cheguei à conclusão que dolorosamente foi marcada com tatuagem: paz é quando você perdoa a si mesmo. Mas... Alto lá! Não levemos esta frase tão ao pé da letra ao ponto de ressignificá-la erroneamente. Não é assim que a banda toca.
Não estou nem um pouco disposta a me enfurnar dentro de uma academia e pagar (caro!) para levantar pesos e andar em bicicletas que não saem do lugar. Isso, para mim, não faz muito sentido. Talvez um dia já tenha feito, porém hoje vejo que há tanta coisa bonita lá fora para ser vista e vivida que, sinceramente, por mais bem que faça, desculpa... Academia, beijo, não me liga!
Caminhar... Sim. Caminhar eu gosto. Olhar as pessoas, as ruas, sentir os cheiros e as elevações do terrenos sob meus pés. Pronto! Encontrei algo que, de fato, eu gosto. Então é isso que eu vou fazer... E que já estou fazendo, também com um propósito. Vou e volto do trabalho usando as pernas que Deus me deu e que foram feitas para isso. Têm uma razão, não é? Por isso as tenho usado.
Relaxar... Sim. Relaxar eu também gosto. E quem não gosta? Quem disse que relaxar é se esparramar no sofá e flexionar os dedos num controle remoto? Não... Não. Yoga, que tal? Sim. Eu gosto. Aliás... Eu amo. A partir do momento que você descobre que seu corpo e sua mente estão diretamente ligados e que existe energia circulando, muita coisa muda dentro de você.
Caminhar e relaxar (entre 'outras cositas más') me fizeram enxergar que sou muito mais que um simples ser humano querendo se encaixar no padrão. Eu sou alguém que, de fato, quer ser feliz comigo mesma e ser feliz também faz parte da boa saúde.
Boa saúde requer boas energias. Então... O que me traz energia? Comidas saudáveis, sim, lógico, mas sem neuras. Frutas, legumes e verduras vêm da terra. Terra é energia, então, por que não consumi-las? São gostosas... E alimentam.
Empanturrar-se também não faz bem. Isso exige do seu corpo mais do que ele pode dar naquele momento. Por isso o sono excessivo, a sensação de empazinamento, a azia... E, muitas vezes, o peso na consciência. Encher-se, realmente, não faz sentido. Tira-lhe os reais prazeres da comida e dos exercícios. Estaguina-lhe. E ficar parado é, consequentemente, ter energia parada. Vale realmente a pena?
Livrar-se de certos venenos também fazem o seu corpo agradecer. Na verdade, livrar-se neste caso seria uma palavra forte. Então... Evitar seria melhor. Ao máximo. Refrigerantes são deliciosos, todos sabem, assim como tudo o que composto de muito açúcar e gordura. Mas pensem... São alimentos igualmente pesados, que vão exigir de você muita energia, por mais que levantem a bandeira de alimentos energéticos. Podem trazer até um certo gás momentaneamente, mas depois... Toda a sua energia se esvai. Vale realmente a pena consumi-los sempre? Não... Acho que não.
Acho que o segredo é não se privar das coisas, quaisquer que sejam elas: comidas, bebidas, exercícios, preguiças. O segredo é equilibrá-las. Tudo foi feito para ser desfrutado. O erro do ser humano é confundir desfrute com exagero. E eu confesso, sem vergonha na cara, que eu era assim. Era comida demais. Preguiça demais. Energia de menos. Saúde de menos.

Não sei quanto tempo vou levar para perder esses 22 kg. E nem sei se realmente quero estipular metas, assim como os padrões nos impõem. Eu só quero ser feliz no fim das contas. Comer o que me faz bem. Suar o que não me faz bem. Relaxar... E amar quem me faz bem. O resto (quem sabe descer do tamanho 46 para o tamanho 40) é só consequência. E sabe como eu cheguei à conclusão disso tudo? Porque descobri que paz, de verdade, é quando você perdoa a si mesmo.