domingo, 5 de janeiro de 2014

Breve desassossego fotográfico

A gente tira tanta foto, todos os dias... Posta elas no Facebook... Instagram... E de repente se dá conta que as tiramos para os outros. Sim... Para que fulaninho, beltraninho, sicraninho possam ver o quanto estamos felizes e blá blá blá. A gente esquece que a foto, na verdade, deveria ser para a gente.
Estou falando isso porque há mais ou menos uma hora, meio que espontaneamente, comecei a rever as fotos que já postei. E como foi gostoso!
Passei por cada álbum relembrando cada momento... Relembrando os sentimentos da época... E parando para analisar como estou hoje. O que aconteceu, desde a época daquelas fotos até o momento.
Sabe... eu passei por muita coisa. Não... não pensem que vou chorar minhas mazelas em pleno blog. Sou grata à muita coisa sim, claro. Mas o que eu passei em todos esses anos, desde que comecei a fazer os álbuns, me fez pensar o quanto eu mudei.
Eu, literalmente, era feliz e não sabia. Claro, ué... Minhas maiores preocupações eram estudar para as provas e qual festa eu iria no final de semana. Hoje a realidade é outra, bem diferente. As contas pesam nas costas (e no bolso), as responsabilidades urram pela sua disponibilidade e aceitação.
De repente você se dá conta que os sonhos compartilhados ficam lá trás, num passado gostoso de ser lembrado. Que as vidas à sua volta tomam rumos diferentes... E que você tem que seguir em frente.
Alguns casam, outros juntam... Suas amigas ficam grávidas... Outros vão embora... Outros simplesmente somem. E você se vê seguindo seu rumo, assim como eles, mas de forma diferente. A saudade aperta. A dorzinha chata da solidão insiste em bater à porta, entrar, sentar e tomar um café (muitas vezes muito demorado).
Ao ver as fotos, nota-se já alguma ação do tempo... Alguns engordaram, outros emagreceram, outros já carregam no semblante uma expressão cansada, outros mudam o estilo de se vestir e posar. E quanto mais se futuca nos álbuns, mais se tem certeza que os caminhos seguem direções diferentes e que a única (única e preciosa!) coisa que ainda faz tudo se manter unido é o que foi vivido... E eternizado. Naqueles álbuns. Naquelas fotos. Naquelas poses. Com aquelas roupas. Naquele momento singular.
Passou-se da contemplação para a documentação. Pare para pensar. Você realmente tira fotos para você contemplar? Ou as tira para documentar para os outros uma vida gostosa que, no fim das contas, só você sabe o que realmente significou? Ou pior... documentar uma vida que, no fundo, no fundo, não é sua de fato? Hum...