terça-feira, 13 de outubro de 2009

Cobra de araque...

Ele abriu uma janela de conversação. Eu sabia. Estava lá, entregue pelo meu segredinho. A foto era em sépia. De lado, posava para um retrato semi espontâneo, com um fone de ouvido. Segurava um microfone e, a sua frente, estava seu trabalho. Na verdade, a foto era para dar a entender que ele é quem estava à frente de qualquer coisa.
Questionei-me por quanto tempo ele esteve à frente dos meus mais profundos e ignorantes sentimentos. Medíocres, conclui. Sim, me questionei afirmativamente sobre isso por longos dezessete meses. Até que... até que, acredito eu, acabei trocando 6 por meia dúzia.
Chamarei o segundo personagem deste texto de Cobra. Não por ser venenoso (ele até é... mas com o que deve ser), mas por silvar dúvidas sufocantes a cada encontro. Toda vez é a mesmíssima coisa: um clima estranho paira no ar a noite inteira, nada acontece e fico com cara de "ué" no fim das contas.
A partir daí minha cabeça é invadida por pensamentos de que tudo sempre pode piorar. Será minha aparência? Meu jeito extrovertido demais? Minha boca sem controle em falar o que pensa? Minha ociosidade criativa? Minha curiosidade irritante?
Qual o meu problema? O último encontro caracterizaria como desastroso, se não frustrante. O visual, fantástico. O silêncio, perfeito. A iluminação, incrível. A situação, mais que propensa: digna. E o que aconteceu? Nada. Nothing. Niente. E isso me angustia, pois penso que se nem nisso tenho sido capaz de me sair bem, que dirá no resto das situações de minha vida.
E sinceramente? Isso me afeta. Claro que afeta! Mas e daí? Um dia não afetará mais. Não há como sair satisfeita com tudo. E, depois de tudo o que passei com o primeiro personagem deste texto, repetir o mesmíssimo erro é burrice. Acho que minha satisfação, mais uma vez, terá de ser comigo mesma. Mas, enfim...
O corpo fala. Inspiração até para título de livro, tal frase acaba se tornando uma exceção quando o assunto é o Cobra. O corpo dele não fala! Não diz que sim... não diz que não... não fala talvez... Como se consegue ser assim? Então, já imaginem como seria cansativo ter um relacionamento com alguém que lembra um muro de concreto de tanta imparcialidade quanto às suas intenções.
Mas, mais intrigante que a nulidade de atitudes, é a reciprocidade existente entre o Cobra e uma personagem digna de nome de música do Sidney Magal. Além de feia, é bobinha, força uma barra e vira motivo de chacota com fotos mal e porcamente manipuladas por Photoshop, postadas em sites de relacionamento. Caramba, diante disso, o mínimo é visualizar-me com uma arma na mão atirando em minha própria cabeça.
Eis que me pergunto a tal pergunta clássica feita repetidas vezes, a cada desilusão: o que ela tem que eu não tenho? Mas, depois de auto e altas análises, eis que ouço de uma amiga a mesma história vivida por ela e com a seguinte conclusão: não há como saber. Não tem como se entender e a única justificativa é aquela péssima verdade: ele simplesmente não está afim de mim.
Já passei por situações piores e, desta vez, acho que tiro de letra. Ainda mais sabendo que, um dia, ficará afim de mim. Não que ele vá reconhecer as minhas qualidades. Ou que simplesmente vá enjoar da cigana do Magal. Mas, só saberá o que eu senti e o que eu "gritei" a todo momento com minhas mãos, meus olhos, meus assuntos e meus sorrisos, quando eu já estiver em outra. Assim foi com o rapaz (hoje, literalmente) em sépia.
Mas aí, quando isso acontecer, o Cobra saberá quem realmente consegue dar o bote. E, uma vez envenenado, ele que ache a maneira dele de remediar.

Um comentário:

Tiago disse...

Boa tarde! Tudo bem? Me chamo Tiago, sou de Maceió. Encontrei você na comunidade do Chorinho... Me encantei com seu sorriso. O sorriso é a porta da alma! Vi seu blog e decidi visitar. Acredito ser esse o desabafo mais bonito que já vi! =) Você tem talento, e muito! Lindo mesmo seu texto. Assim vou virar fã do seu blog. =) Sua cidade também é muito bonita! Foi um prazer! Tiago